Chupeta, usar ou não usar? Eis a questão!
Uma visão interessante sobre o uso da chupeta que encontrei no blog debocaemboca.com, não pude deixar de compartilhar aqui por concordar em muitos pontos abordados pelo o colega Gabriel Tilli Politano:
Uma das maiores dúvidas dos pais, durante o período pós-natal, é o uso da chupeta nos seus filhos. A dúvida realmente é grande e o motivo é o fato de todos saberem que a chupeta pode ser responsável por diversas alterações no crescimento facial, dentre outras alterações. Mas como tudo tem um outro lado, tentarei explicar melhor porque ela não pode ser considerada esta vilã, pelo menos de forma indiscriminada.
É fato que a chupeta foi inventada e que é possível que os bebês cresçam sem a sua utilização. Da mesma forma podemos pensar com o carro e a energia elétrica que você utiliza. Muitas pessoas já viveram sem isso e isso pode estar fazendo mal para a sociedade, de uma forma ou de outra.
Outra coisa é fato, também: recém-nascidos tem necessidade inata de sucção e podem precisar recorrer a um complemento, além do peito materno. Se o recém-nascido perceber que tem em suas mãos algo que se encaixa perfeitamente em sua cavidade bucal (alguns deles já perceberam intra-útero), ele poderia recorrer ao dedo para saciar sua necessidade, por exemplo. Isto seria um problema? Não sabemos, já que ele pode largar o hábito em alguns meses. Por outro lado, se ele não largar, o vício será estabelecido e a remoção do hábito será bem difícil. Por isso, nada como oferecer ao bebê um artefato que possa ser jogado no lixo posteriormente. O nome dele é chupeta.
Além desta indicação, que podemos dizer ser empírica (muitas coisas são empíricas por dificuldade de serem pesquisadas e comprovadas), podemos falar agora sobreindicações científicas da chupeta. Isso mesmo, ciência comprovando a importância de se utilizar a chupeta.
A chupeta tem se mostrado eficiente como “analgésico” em recém-nascidos prematuros que são constantemente manipulados, “picados” e tratados em ambiente hospitalar. As reações típicas de dor são diminuídas com a utilização da chupeta. Porque não utilizarmos essa indicação em nossos consultórios, após realizarmos procedimentos cirúrgicos orais em recém-nascidos (desde que a mãe já tenha optado por utilizar a chupeta, é claro)?
Além disso, estudos científicos tem sugerido que dormir com a chupeta diminui o risco da Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL), quando o mesmo está sujeito a fatores de risco, principalmente. Ou seja, Odontopediatra, se sua anamnese da gestante ou do recém-nascido não aborda os fatores de risco para esta Síndrome, trate de alterá-la, para poder indicar a chupeta, se assim julgar necessário. Mas lembre-se que sua utilização é somente para dormir. Ou seja, não à NOITE, é para DORMIR, somente.
Mas posso indicar a chupeta sem riscos? É claro que não. Você não pode atravessar uma rua sem riscos, mas lhe garanto que se for radical desse jeito não fará nada, não prescreverá nada, não indicará nada e não viverá, porque se prestar atenção, sua própria vida está recheada de erros e você está correndo risco de diversas doenças por deficiências alimentares, falta de atividade física, excesso de gordura abdominal, estresse, ou o que quer que seja. Se você é ser humano, eu também sou e a mãe da sua criança também é. Talvez para algumas mães seja fácil criticar o uso da chupeta, já que seus(s) filho(s) não necessitaram. Eu tenho um filho que se beneficiou muito e outro que nem quis saber, por exemplo.
Então estou defendendo o uso da chupeta? Não. Até poderia dizer que sim, mas não estou. Nos meus cursos para gestantes e nas consultas de gestantes ou puérperas sempre digo para evitarem, mas, se elas foram utilizar por algum motivo justificável, eu tenho obrigação de ensinar a utilizar da forma correta, ou seja, SOMENTE PARA DORMIR. Dessa forma os riscos serão mínimos, praticamente zero. Ou seja, utilizando-se somente durante o sono e até por volta de 1 ano e 6 meses, a criança não terá problemas de oclusão. Que problemas então ela poderia ter, que contra-indicariam esta sugestão? Estudos mostram que a utilização da chupeta aumenta o risco de otite média recorrente. Mas, como a chupeta é um dos diversos fatores de risco, com um efeito, portanto, diluído, podemos dizer que, se a criança apresentar esta alteração de forma recorrente, sugere-se remover o hábito e pronto.
A outra dúvida, que é questionada cientificamente, é se devemos postergar o uso da chupeta para o momento em que a criança já estiver habituada com o aleitamento materno, ou seja, por volta de 1 mês. Em relação à prevenção da SMSL essa indicação não é um grande problema, já que a Síndrome é rara no primeiro mês de vida.
Resumindo. A chupeta, se for utilizada, deve ser oferecida, por precaução, após o estabelecimento do aleitamento materno, somente para dormir e até 1 ano e 6 meses de idade. Após este período, principalmente se utilizada durante o período de vigília, pode aumentar muito o risco de deformidades ósseas.
Ficou fácil assim? Garanto que não, porque a maioria das mães tem muita dificuldade para manter a chupeta somente para dormir.
Mas, como nada na vida é fácil, me despeço com muito pesar.
Por: Gabriel Tilli Politano
Professor Titular de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da São Leopoldo Mandic
Fonte: http://debocaemboca.com/
Como o Gabriel expôs, o recomendado é que o uso da chupeta deve ser somente até 1 ano e meio de idade a fim de evitar as maloclusões. Contudo, vou além e amplio essa idade até os 3 anos, nessa idade qualquer maloclusão em decorrência da chupeta será minimizado pelo o próprio crescimento ósseo da criança.